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Foto do escritorBeto Sporkens

Mestres do Documentário - Dziga Vertov e Leni Riefenstahl

Atualizado: 6 de fev. de 2020


Este é para os que amam a história do cinema. No século XX, a História foi registrada também em seus momentos mais dramáticos através de documentaristas por todo mundo. Os horrores das guerras, as revoluções e a ascensão e queda de regimes poderosos ganharam um novo patamar de possibilidades para servir às mais diversas estratégias de comunicação e propaganda dos estados, para o bem e para o mal.

Falar sobre dois dentre os documentaristas mais importantes da História exige relativizar os contextos, os períodos e os países onde realizaram suas produções mais importantes.

Suas lentes apontaram para drásticas mudanças que estavam ocorrendo na sociedade com criatividade, esmero técnico e impacto sentido por várias gerações.

DZIGA VERTOV e, principalmente, LENI RIEFENSTAHL registraram, "de dentro", o surgimento do TOTALITARISMO, surgido após a Primeira Guerra Mundial, com ápice durante as décadas de 1920 e 1930.

O Totalitarismo é um sistema político caracterizado pelo domínio absoluto de uma pessoa ou partido político sobre uma nação.
Ele engloba regimes de extrema direita, como o Nazismo (Alemanha) e o Fascismo (Itália), e de extrema esquerda, como o Stalinismo (Rússia).

As visões destes diretores, simpáticas aos regimes, ilustram o enorme espaço que a Estética ocupa na "construção" de sociedades totalitárias. São também lembretes de como a imagem e, no caso do cinema, a montagem, podem manipular os sentimento, as percepções e o engajamento das massas.

Vertov e Riefenstahl seguem vivos nas memórias por terem se tornado referências iconográficas do poder que o audiovisual exerce na construção das narrativas populares que influenciam, desde então, estados e governos de todo o mundo.


Peça de propaganda nazista, O Triunfo da Vontade impressiona até hoje pela força estética e narrativa.

DZIGA VERTOV

Dziga Vertov: Documentarista experimental, mestre em criar significados se utilizando apenas da montagem de imagens.

Dziga Vertov (nascido Denis Arkadievitch Kaufman; Białystok a 2 de janeiro de 1896 - 12 de fevereiro de 1954) foi um cineasta, documentarista experimental e jornalista soviético, o grande precursor do cinema direto, um Futurista, muito influenciado por Maiakovski.

Após o discurso em que Lenin considera o cinema como o principal meio de divulgação da nova ordem social que se instala na União Soviética, Vertov se põe à disposição do Kino Komittet de Moscou (1918) tornando-se redator e montador do primeiro cine-jornal de atualidades do Estado Soviético.





Você PRECISA assistir:

UM HOMEM COM UMA CÂMERA (1929), é um marco na história do cinema, e ajudou a desenvolver uma linguagem universal baseada em montagens e efeitos práticos. Registra com muita criatividade o cotidiano de cidades russas, principalmente Moscovo (Moscou), com evidente fascínio pelas novidades urbanas do final da década de 20. Vertorv foi um dos primeiros a pensar em profundidade o era CINEMA, criando experiências narrativas através da montagem e praticamente abrindo mão do uso de palavras e das cartelas.

Ele era uma espécie de contraponto ao mais famoso cineasta russo, Sergei Eisenstein: enquanto este valorizava a produção e o controle de espetáculos extremamente elaborados, Vertov se propunha a captar a realidade como ela era, sem fins didáticos ou ilustrações históricas.


LENI RIEFENSTAHL

Helene Bertha Amalie "Leni" Riefenstahl (Berlim, 22 de agosto de 1902 — Pöcking, 8 de setembro de 2003) foi uma cineasta alemã, representante dos ideais da estética nazista, cujas obras mais famosas são os filmes de propaganda que ela realizou para o Partido Nazista alemão.

Ex dançarina, ela começou a se dedicar ao cinema após fraturar o joelho, realizando “filmes de montanha”, em que aparecia com pouca roupa escalando montanhas descalça.

De acordo com algumas fontes, Leni ouviu Adolf Hitler discursar num comício em 1932 e ofereceu a ele seus serviços como cineasta, pois teria ficado fascinada pelas habilidades oratórias do líder. Já outras, como a própria diretora, afirmam que ela é que foi procurada por Hitler, depois que este assistiu e adorou o filme A Luz Azul, dirigido por ela. De todo modo, já em 1933 ela dirigiu um curta-metragem sobre um comício do Partido Nazista. Hitler, então, pediu a Leni que filmasse a convenção anual do Partido em Nurembergue em 1934. A princípio, ela se recusou, sugerindo que Hitler contratasse Walter Ruttmann para dirigi-lo em seu lugar. Mas depois voltou atrás e realizou duas obras primas a serviço dos nazistas.

Após a Segunda Guerra Mundial, ela passou quatro anos presa num campo de concentração francês. Foi acusada de usar prisioneiros nos sets de filmagens, mas tais acusações nunca foram provadas em tribunal. Ao final do julgamento, sem conseguir encontrar nenhuma imputabilidade no apoio de Leni aos nazistas, o tribunal considerou-a apenas "simpatizante". Em entrevistas posteriores, Leni Riefenstahl insistiu que tinha sido fascinada pelos nazistas, mas que era politicamente ingênua e ignorava as falhas cometidas na guerra; uma posição que vários de seus críticos consideram ridícula.

Justamente submetida ao ostracismo pela indústria cinematográfica após a guerra, ela se tornou uma fotógrafa e mergulhadora.


Você PRECISA assistir:

O TRIUNFO DA VONTADE (1934), um registro grandioso do sexto Congresso do Partido Nazista, que aconteceu em Nuremberg no ano de 1934. No início Hitler chega de avião, e é ovacionado por multidões, que saúdam o Führer totalmente hipnotizadas. Tudo é mostrado de forma gigantesca, as paradas, os desfiles militares e os jovens que louvam a suástica parecendo em total estado de catarse.



Olympia conta a história dos jogos olímpicos, sob prisma que agradava aos nazistas.

Em 1936, Leni Riefenstahl qualificou-se para representar a Alemanha no rali de esqui nos Jogos Olímpicos de 1936, mas, em vez disso, preferiu filmar o evento. O material captado virou o filme OLYMPIA, celebrado por suas inovações técnicas e estéticas até hoje influentes em toda a cobertura esportiva da televisão. Uma verdadeira aula de narrativa visual que conta com uma fotografia esplendorosa.


A História é assim. Quis o destino que, sob influência de um dos mais obscuros regimes da Humanidade, surgisse uma das diretoras de cinema mais influentes de todos os tempos.

Jamais devemos nos comportar como os nazistas, que queimavam os livros que não gostavam. A arte deve sempre evoluir, provocar debates e ficar a serviço do conhecimento de coisas boas e ruins que criamos. Só assim poderemos entendê-las e evitá-las no futuro.


Até lá!




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